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  • Foto do escritorCineclube Bamako

Kilombeduka forma mais uma turma de realizadoras/es do audiovisual

Projeto apoiado pelo Fundo Baobá leva formação antirracista para educadores e comunidades quilombolas 


Natural da cidade de Paudalho, o dançarino Luccas Bárcellos tem 31 anos e teve o primeiro contato com o audiovisual durante a pandemia. Em uma das atividades do mestrado que cursa pela Universidade Federal da Bahia ele precisou produzir uma performance em videodança. “Foi quando percebi o quanto as ferramentas do audiovisual podem ser um dispositivo de atravessamento e denúncia”, conta. A descoberta foi fundamental para que Luccas se inscrevesse na formação do Kilombeduka, que encerra o ano de 2024 concluindo mais um ciclo do projeto incentivado pelo Fundo Baobá.


Com foco na construção de um audiovisual comprometido com o enfrentamento ao racismo e outras formas de opressão, o Kilombeduka levou os encontros presenciais da oficina para o Sítio Malokombo, em Tracunhaém, Zona da Mata de Pernambuco. Os/as/es participantes puderam compreender aspectos relacionados com a produção audiovisual a partir de uma ótica afrocentrada que propõe a descolonização da educação formal e informal. 


Com base nos conhecimentos que adquiriu na formação, a partir deste mês de dezembro, Luccas capitaneia um novo projeto: Cineclube Fuligem. “Surge como um dispositivo de rompimento dessas esferas de poder e disputa com o intuito de exibir e promover filmes sobre negritude, feminismo, comunidade LGTQIA+”, explica ele. O cineclube também foi aprovado no Edital da Lei Paulo Gustavo no município de Paudalho, o que vai ajudar a garantir a continuidade do projeto em 2024. 



Impacto no território


“Lugar de cultura da gente de lá e da gente de cá. Chão de cultivo da terra, do corpo e espírito. Morada de brisa e batalha, música, capoeira e folha”. É essa a apresentação exposta no perfil do instagram do Sítio Malokombo, que conta com a matrigestão de Helena Tenderini, que atua também como parteira, artista, educadora, antropóloga, produtora cultural e cuidadora. Para ela, o projeto Kilombeduka deixa como legado a “difusão de uma visão não branca, a partir da cultura do território, do maracatu, capoeira, cavalo marinho e das tantas outras tradições da região”. A formação também despertou o desejo de reativar o projeto de cineclube do Sítio, que tem a expectativa de voltar a realizar sessões em 2024. 


“Para gente, receber uma formação em audiovisual nessa perspectiva antirracista foi muito importante porque o Sítio Malokambo é fundado e fundamentado na cultura afro e indígena a partir da Capoeira Angola e da parteria tradicional”, pontua Helena. Para ela, a iniciativa fortalece toda a região, que, historicamente e até hoje, sente os efeitos sociais da colonização que teve como base a escravização negra e indígena no trabalho da cana de açúcar. “Vai reverberar ainda por muito tempo. No trabalho, no cotidiano e nos cineclubes que a gente quer fazer, nas futuras produções em audiovisual”.  


O 2º ciclo ocorreu nos meses de novembro e dezembro e envolveu uma série de encontros presenciais e virtuais. A metodologia da formação inclui aulas presenciais, sessões cineclubistas e vídeo aulas online semanais com duração de uma hora, cada. A turma também teve contato com textos teóricos e recebeu mentoria para a produção de projetos autorais. As aulas foram ministradas pela jornalista e cineasta Erlânia Nascimento, convidada pelo projeto, e pelos integrantes do Cineclube Bamako, Gabriel Muniz, Iris Regina e Rayza Oliveira.


Coordenadora do Kilombeduka e educadora. Rayza Oliveira acredita que levar o projeto para Tracunhaém representa a descentralização de ações “de aprendizagem e trocas, que também contribuem para o fortalecimento da rede de pessoas que vivem na mesma região e, que, a partir desse encontro no Kilombeduka, podem atuar juntes em sua região em prol de uma educação antirracista. O Sítio Malokambo é simbolico pois é um espaço de resistência e importante na luta antirracista”, pontua.



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